Os alimentos ingeridos não só podem gerar ansiedade, mas também, agressividade, cansaço, preguiça, mente confusa, memória deficiente, mau humor, dores nas articulações, intestino preso, enxaquecas, etc.
Sempre que vou falar de alimentação, lembro de uma passagem relacionada ao Gandhi. Certa vez uma mãe aflita o procurou, pedindo que dissesse a seu filho, viciado, que parasse de comer açúcar, porque ele, com certeza, O obedeceria. Gandhi pediu gentilmente a senhora que retornasse um ano depois. Ela simplesmente não entendeu nada, mas humildemente aguardou o tempo prescrito e voltou a Gandhi, que prontamente colocou a mão no ombro do menino e disse: “Filho, não coma mais açúcar”. A senhora muito surpresa com aquela simples atitude o questionou, e Ele imediatamente respondeu: “só pude fazê-lo agora, porque eu também comia açúcar”.
Através dessa história podemos ver que a humanidade de uma maneira geral é viciada em alimentos destrutivos e que é um desafio mudar nossos hábitos e muitas vezes preferimos até ignorar. Afinal, comer é algo prazeroso.
Mas quando você começa a ter consciência e o desejo de uma vida com menos ansiedade, sem dores, boa qualidade de sono e alegria em viver, você há de rever seus hábitos alimentares.
Você está “se alimentando” ou “comendo”?
Mastiga ou “engole”? Estômago não tem dentes e não é por acaso que a incidência de refluxo em pessoas adultas é alarmante.
E associando as atitudes de “engolir” (comer sem mastigar corretamente), com a má escolha dos seus alimentos, com o fato de muitas vezes estar com pensamentos e emoções negativas, faz com que uma verdadeira “bomba” seja acionada em seu corpo.
Darei algumas dicas alimentares gerais de acordo com a filosofia indiana (AYURVEDA) que contempla o individuo como um todo (corpo, mente, emoções) e por fazer parte do meu cotidiano e sentir os grandes benefícios.
Alimentos sáttvicos
São os alimentos mais abundantes na natureza e devem fazer parte de 65% de nossas refeições. Frutas, frutas secas, polpa de coco, água de coco fresco, verduras, leguminosas (vagem, favas, feijão, lentilhas, grão de bico), brotos de feijões, todos os vegetais, raízes, tubérculos, cereais (arroz, milho, centeio, trigo, aveia), grãos integrais, amêndoas, castanhas, sementes de gergelim, girassol, linhaça, azeite, cana de açúcar, coalhada fresca, pólen, mel, pouco leite e derivados.
Lembrando dos germes e os brotos dos grãos, dos cereais, das leguminosas, das ervas e hortaliças que no início do crescimento, são extremamente ricas em substâncias que reforçam a vitalidade das nossas células e permitem a regeneração constante das mesmas (vitaminas, enzimas, minerais, aminoácidos, etc.)
Alimentos que “ATIVAM A VIDA”. Verdadeiros presentes da mãe natureza.
Estimulam a criatividade, a intuição e favorecem o controle emocional e mental, compaixão, boa memória e concentração. Seu consumo traz vitalidade e energia em qualquer idade.
Alimentos rajásicos
Devem fazer parte de 25% de nossas refeições. Compreendem todos os alimentos estimulantes, quentes e picantes por natureza. Pimentas, cebola crua, alho, azeitona, berinjela, rabanete, tomate, tamarindo, tâmaras secas, amendoim, gengibre, sal, vinagre, coalhada azeda, yogurte não fresco, queijos (principalmente os mais curados), leite de soja engarrafados ou em caixas, sucos engarrafados de frutas, alimentos fermentados, bebidas a base de cafeína (café, chá, coca cola), bebidas alcoólicas, açúcar (branco ou mascavo), chocolates, rapadura, ovos.
Induz ao sentimento passional; paixões; distração; instabilidade emocional; estresse; ansiedade; ganância; ambição; apego.
Alimentos tamásicos
São os alimentos em menor quantidade na natureza e aqueles que foram inventados pelo homem, os produtos industrializados. Não devem ultrapassar a 10% de nossa alimentação. No entanto, são os mais utilizados na alimentação moderna. Devem ser consumidos com muita moderação. São eles: proteína vegetal texturizada (carne de soja), carnes em geral, frutos do mar, frituras, gorduras, alimentos congelados, curados, fermentados, aquecidos em micro ondas, sorvete, farinha branca, margarina, fungos e cogumelos, álcool, picles, embutidos (salsicha, salames, linguiça, mortadela), cebola crua, alho.
Induz a atitudes materialistas em relação à vida. Gera inércia, preguiça, apego, desleixo, indolência, incapacidade de discernimento. Relaciona-se aos sentimentos coléricos, destrutivos, predispõe à formação de mucos (catarro), gordura e aumento de peso.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
O Açúcar Branco
Produto final de um longo processo industrial e químico, onde se elimina as vitaminas e os sais minerais, tornando-o um produto desvitalizado. Para ser metabolizado (digerido e absorvido), precisa retirar do organismo, cálcio, ferro, magnésio e vitaminas do complexo B. Paralisa a imunidade, perturba o equilíbrio da flora intestinal, causa brusca elevação da taxa de açúcar (hiperglicemia) no sangue, onde provoca um estado de excitação psíquica e física e, depois, uma reação de hipoglicemia (diminuição da taxa de açúcar no sangue). Esta reação é acompanhada de depressão, de cansaço físico (moleza de manhã e a tarde) e provoca a necessidade de um estimulante. Fica um ciclo vicioso (uma toxicomania), com alternâncias da taxa de açúcar no sangue, deteriorando os mecanismos que regulam o metabolismo e esgotam o sistema nervoso. Além de aparecer o cansaço, a agressividade, o enfraquecimento geral, leva a várias doenças como osteoporose, cárie, anemia, diabetes, obesidade, depressão psíquica, etc.
E você continua acreditando quando as propagandas falam do poder energético desse alimento? É, na verdade, um seríssimo anti-nutriente.
Mas é tão gostoso! Sim, e muitas vezes “nos adoça”. Mas a partir do momento que você vai fazendo escolhas alimentares inadequadas, o seu organismo vai perdendo a “inteligência” do que de fato é bom para ele. E o mecanismo psíquico e fisiológico que o organismo passa a ter é de ingerir o que te desequilibra e se torna um ciclo vicioso.
O Chocolate
Mas o chocolate precisa entrar nessas considerações?
SIM. Em minha vivência clínica, muitas pessoas dizem serem chocólatras e então achei interessante tecer algumas informações.
O chocolate, além do açúcar refinado, contém cacau e outras substâncias estimulantes. No cacau há o triptofano que estimula o organismo a produzir endorfina e serotonina, neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem estar, mas também a sensação “do quero mais”. Embora a grande maioria prefira os chocolates mais doces, que tal começar a mudança pelos meio amargos e amargos? Podemos pensar em 25 gramas por dia e aos poucos ir diminuindo para períodos semanais. Lembrando que chocolates são “muito calóricos”. Ok! E você talvez continue a minha frase e diga: e muito gostosos!
É uma escolha!
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Dica para diminuir o desejo por chocolate!
Vale ressaltar que às vezes a vontade do chocolate vem de uma necessidade de cobre, que pode ser satisfeita comendo damascos secos ou outros alimentos ricos em cobre. E são bem menos calóricos.
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O Sal Refinado
Resulta de um complexo processo industrial, que através de elevadas temperaturas e banhos sucessivos, retira do sal marinho cerca de 80 elementos essenciais (cálcio, enxofre, bromo, magnésio, etc.). São perdidas também as algas microscópicas que fixam o iodo natural, sendo necessário depois acrescentar iodo sob a forma de iodeto de potássio (iodo artificial) e numa quantidade superior a 20% a quantidade natural.
O excesso usado no preparo dos alimentos provoca perturbações graves no metabolismo e sistema nervoso, podendo gerar retenção de água nas células (que causa celulite e aumento de peso), retenção de água no sangue (o que causa sobrecarga circulatória, hipertensão, doenças cardíacas e renais), reumatismo, cálculos biliares, nódulos na tireóide, tensão menstrual e arteriosclerose.
Por outro lado, o sal natural ou marinho é um produto benéfico. Se usado com moderação, contribui para a reposição mineral do organismo e para um bom funcionamento da glândula tireóide, pois contém iodo de fácil assimilação e em quantidades ideais.
Bônus: Dicas Finais!
- Preste atenção aos alimentos e agradeça por tê-los.
- Coma quando tiver fome; não coma se não tiver fome.
- Abstenha-se de comer se estiver contrariado. Seu corpo estará melhor assim.
- Coma devagar, mastigando bem os alimentos.
- Evite comer na companhia de pessoas que o perturbam.
- Comer em intervalos regulares, em menos quantidade e mais vezes.
- Beber grande quantidade de água, mas longe das refeições.
- Não guardar alimentos cozidos por mais de um dia.
Podemos seguir o conselho de Hipócrates: “Que o alimento seja teu remédio”.
PAZ E LUZ!
Dra. Ivone Dalbon